
Na segunda feira da COP30, realizada em Belém (PA), o prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano, fez um discurso carregado de críticas à mineradora Vale S.A., acusando a empresa de negligência, sonegação e de beneficiar-se da riqueza da mineração enquanto o município permanece carente.
Durante sua fala, Goiano afirmou que a Vale “é a maior sonegadora de impostos do planeta” e que “deve mais de R$ 10 bilhões para o povo de Parauapebas”. Segundo o gestor, o município perde cerca de R$ 40 milhões por mês em repasses não efetuados de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e já teria sido prejudicado em mais de R$ 500 milhões em ICMS.
Goiano também denunciou o paradoxo entre a riqueza gerada pela mineração e a realidade em Parauapebas: “Nos últimos oito anos jogaram fora do meu município R$ 19,4 bilhões de reais. Lá tem 12% de saneamento básico. Lá no meu município não tem água”, declarou. Ângulo que reforça sua descrição de “farsa” nos grandes projetos do Brasil.
Ele criticou ainda o que chamou de postura da empresa: “A Vale só visa o lucro, não as pessoas. A Vale do Rio Doce não está preocupada com o que está acontecendo dentro da aldeia. É a maior sonegadora de impostos do planeta”, enfatizou.
O discurso ocorre no palco internacional da COP30, conferência que reúne países e instituições para tratar da crise climática, aumentando o impacto político da declaração. A escolha de palco revela que o debate vai além da mineração — toca em governança, justiça fiscal e ambiental.
Para se ter ideia da distância do município até Belém, a capital paraense que sedia o evento: a rodovia entre Parauapebas e Belém tem cerca de 706 km, com tempo de viagem estimado em aproximadamente 10 horas.
A Vale S.A. é uma das maiores mineradoras do mundo, com forte atuação na região de Carajás.
O prefeito afirma que, apesar da expressiva produção mineral em seu município, Parauapebas sofre com baixo nível de saneamento e ausência de água em bairros periféricos.
Goiano relatou que, em apenas nove meses de sua gestão, conseguiu levar água para 14 bairros, o que indica tanto a urgência da situação quanto o déficit histórico de infraestrutura.
A empresa, por meio da assessoria ou da própria Prefeitura de Parauapebas, já reconheceu desentendimentos entre representantes da Vale e o prefeito. Prefeitura de Parauapebas
A fala coloca em xeque o modelo de extração mineral no Brasil: riqueza ligada a ambientes de alta produção (como Parauapebas) versus fragilidade da infraestrutura local.
Questiona-se a distribuição de recursos provenientes da mineração (como CFEM, ICMS, royalties) e o cumprimento de responsabilidades sociais das empresas.
Em âmbito internacional (na COP30), o tema ganha dimensão: ainda que a conferência seja sobre mudança climática, declarações como estas ajudariam a trazer para o centro o vínculo entre mineração, meio ambiente, comunidades locais e justiça fiscal.
Qual será a resposta da Vale S.A. frente às acusações de R$ 10 bilhões de dívida e negligência social feitas pelo prefeito.
Verificar se há auditorias ou ações de fiscalização sobre a distribuição de CFEM e ICMS em Parauapebas.
Monitorar os efeitos políticos internos: como essa fala pública poderá afetar negociações entre município e empresa, além da visibilidade de Parauapebas no cenário nacional.
Avaliar se o tema ganhará destaque nas discussões da COP30, conectando mineração, direitos das comunidades indígenas e mudança climática.
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