Criação de unidade de conservação gera polêmica e mobiliza população de Esperantina em audiência pública
Esperantina (TO) – 28 de agosto de 2025
A proposta do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de criar uma Área de Proteção Ambiental (APA) e um Monumento Natural (MONA) na região do Bico do Papagaio foi tema de uma acalorada audiência pública realizada nesta quinta-feira (28), em Esperantina. O encontro reuniu autoridades políticas, representantes da sociedade civil, lideranças comunitárias e dezenas de moradores da região, especialmente agricultores e pecuaristas, que manifestaram forte preocupação com os impactos da medida.
Durante a audiência, moradores da zona rural e pequenos produtores demonstraram apreensão quanto à possibilidade de perderem suas terras ou enfrentarem restrições severas para continuar com suas atividades produtivas. “Vivemos da agricultura e da pecuária leiteira. Se essas áreas forem transformadas em unidade de conservação, como vamos sobreviver?”, questionou um dos agricultores presentes.
Entre os principais temores apontados estão a insegurança jurídica para quem já ocupa a terra há gerações, o risco de desapropriações e a dificuldade de acesso ao crédito rural — um dos pilares da economia familiar no campo. Muitos produtores alegam que, com a criação da APA e do MONA, haveria entraves burocráticos e limitações ambientais que inviabilizariam o uso tradicional da terra.
Lideranças comunitárias enfatizaram que a medida, se concretizada, pode afetar diretamente centenas de famílias, comprometendo a geração de emprego e renda na região. “Não somos contra a preservação ambiental, mas é preciso que haja diálogo e respeito à realidade de quem vive e trabalha aqui há décadas”, destacou um representante rural.
A audiência pública contou com a participação de parlamentares estaduais e federais, que se colocaram ao lado da população local e criticaram o que chamaram de “imposição unilateral” por parte do ICMBio. Segundo os deputados, é necessário ampliar a discussão, garantir transparência no processo e respeitar o direito das comunidades tradicionais e dos produtores rurais.
O evento reforçou a mobilização crescente contra a proposta e deve resultar em novos encaminhamentos políticos e jurídicos nos próximos dias. A população e seus representantes prometem continuar lutando para garantir que a conservação ambiental não signifique o fim do modo de vida no campo.
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