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Linha do Tempo

Por Vidal Moreno (DRT-MA 1022)

23/10/2025 às 18h51 Atualizada em 23/10/2025 às 19h23
Por: Redação
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Linha do Tempo

Por Vidal Moreno (DRT-MA 1022)

Há quem diga que o tempo é o melhor contador de histórias. No meu caso, o tempo foi também o melhor professor. Desde 1987, quando iniciei minha caminhada profissional no rádio, aprendi que comunicar é muito mais do que falar: é tocar, informar, emocionar e, acima de tudo, respeitar o ouvinte. Foram 38 anos de microfone, muitas manhãs  no ar, manchetes, entrevistas e transmissões que ecoaram no AM e no FM do nosso Tocantins e Maranhão — este pedaço de chão que tenho orgulho de chamar de lar.

Sou natural de Itaguatins, no norte do estado, e posso dizer que vivi intensamente as ondas do rádio e as ondas da vida. Hoje, divido meu tempo entre o Portal Itaguatins Notícias e a Rádio Imperial FM 95,9, em Imperatriz, narrando esportes, contando histórias e, de vez em quando, soltando aquele grito de gol que arrepia até quem não entende de futebol. Narrei partidas da Seleção Brasileira, de Vasco, Flamengo e três decisões do Campeonato Maranhense que consagraram o Imperatriz campeão estadual. Vibrei, viajei, me emocionei. Cada narração foi um pedaço da minha história.

Mas a vida não é feita só de microfones. Também vivi a política — e vivi de perto. Tive a honra de ser prefeito da minha cidade natal, a mesma onde cresci e onde continuo, aos 60 anos, acreditando que o Tocantins ainda pode ser o estado que sonhamos lá atrás, quando Siqueira Campos, com coragem e visão, lutou pela sua criação.

Lembro-me bem daquele tempo. A articulação para a criação do estado teve o apoio essencial do então deputado Edimar Brito Miranda, que presidia a Assembleia Legislativa de Goiás. Foi preciso unanimidade entre os deputados goianos para que o Tocantins nascesse — e nasceu, com garra e fé, trazendo consigo uma promessa de desenvolvimento e de um novo começo para o Norte goiano.

De lá pra cá, o Tocantins cresceu, evoluiu, mas também tropeçou. É a tal da linha do tempo: há momentos de glória e há tempos de incerteza. O curioso — e, convenhamos, irônico — é que, nos últimos 19 anos, nenhum governador eleito pelo voto direto conseguiu concluir o mandato. Marcelo deu lugar a Gaguim,  Marcelo Miranda saiu, entrou Carlesse, depois Wanderlei, agora Laurez Moreira. E o povo, esse eterno espectador, fica na arquibancada tentando entender o que acontece nos bastidores do poder.

Mais curioso ainda: todos os governadores investigados tiveram suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas. O TCE, tecnicamente, não encontrou irregularidades. Será milagre administrativo ou mera coincidência política? Deixo a pergunta no ar, porque o povo já aprendeu a ouvir nas entrelinhas.

Hoje, o Tocantins vive uma nova fase, mas ainda sem um roteiro claro. O governador Laurez Moreira, que assumiu interinamente, parece disputar uma partida sem escalação definida. Falta transparência, falta diálogo, falta um plano de jogo. Até agora, não se sabe quem é o articulador político do governo, quais são suas metas e de que forma pretende conduzir o estado. O técnico — todos sabem — é Ronaldo Dimas, mas a tática ainda não foi mostrada.

Enquanto isso, o povo assiste a uma espécie de novela administrativa, onde cada episódio traz uma nova especulação: “sai um, entra outro”. Os servidores vivem em incerteza, os contratados sofrem cortes, e a economia respira com dificuldade. É um barulho ensurdecedor — e quem vive do rádio sabe bem o peso desse silêncio entre ruídos.

Para completar, o governo já acena com um novo empréstimo milionário, ainda cercado de pouca transparência. O Tocantins precisa de investimentos, sim, mas também precisa saber para onde esse dinheiro vai, quem vai aplicar e com que propósito.

Depois de quase quatro décadas de profissão, aprendi que a comunicação é a alma da confiança. Governar também é comunicar — e o que falta ao Tocantins, talvez, seja justamente isso: uma voz firme, transparente, capaz de falar ao coração do povo.

Afinal, o tempo passa, os governos mudam, os microfones se renovam, mas a verdade continua a mesma: o Tocantins merece respeito, planejamento e, acima de tudo, coerência.

E eu, Vidal Moreno, sigo aqui — narrando, opinando e acreditando que, nessa linha do tempo, ainda há espaço para boas notícias.

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