A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado. A decisão, histórica e com forte repercussão política e institucional, encerra um dos capítulos mais dramáticos da democracia brasileira desde a redemocratização.
Bolsonaro foi considerado culpado, por maioria (4 votos a 1), pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado.
Além do ex-presidente, outros sete nomes ligados ao alto escalão do governo e das Forças Armadas também foram condenados, incluindo ex-ministros e comandantes militares, como Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Braga Netto, Anderson Torres, Mauro Cid, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, e o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, cuja condenação foi parcial.
A sentença do STF escancara uma realidade muitas vezes ignorada por quem ocupa – ou almeja ocupar – cargos de liderança no serviço público: o poder passa, mas as consequências ficam.
Um presidente governa por quatro anos. Bolsonaro agora terá que cumprir uma pena de quase 28 anos de prisão — sete vezes mais do que o tempo que passou no Planalto. A pergunta que fica não é apenas para ele, mas para qualquer pessoa que sonha em governar: vale a pena?
Prefeitos, governadores, presidentes — todos são eleitos sob o manto da confiança popular. Mas o que se faz com esse poder precisa estar dentro dos limites constitucionais e legais. Quando a liderança se transforma em autoritarismo, e quando o uso da força substitui o diálogo democrático, o risco não é apenas político: é penal, é humano, é histórico.
A condenação de Bolsonaro é um marco e um alerta. Mostra que, mesmo no Brasil, onde a sensação de impunidade muitas vezes predomina, a Justiça alcança os altos escalões do poder. A trajetória de quem lidera um país, uma cidade ou um estado não termina no fim do mandato — ela ecoa para sempre, seja como exemplo de liderança ou de ruína.
Mandatos passam, processos ficam. Popularidade não é escudo. O peso de decisões ilegais, autoritárias ou irresponsáveis pode cair anos depois — e, como agora, com toda a força da lei.
A política não é um jogo de poder, mas uma missão de responsabilidade. O caso de Bolsonaro deixa uma mensagem clara para quem ocupa ou deseja ocupar cargos públicos: não existe mandato acima da Constituição.
E se há um recado ainda mais direto para prefeitos, governadores e futuros presidentes: não vale a pena o crime, não vale a pena a ambição sem limite, não vale a pena sacrificar o amanhã por quatro anos de glória ilusória.
Porque o fim do mandato chega. E a conta, mais cedo ou mais tarde, chega junto.
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