
Por Vidal Moreno – DRT/MA 1022
Viver hoje no Brasil é sobreviver.
Não é tranquilo. Não é fácil. Falta empatia, sobra indiferença. É o país onde o pobre mata o pobre, o pobre paga a pena, o pobre rouba o pobre — e o rico assiste de camarote.
A guerra que devasta o Rio de Janeiro é o retrato cruel de um país inteiro: pobre dominando pobre, morro contra morro, periferia contra periferia. Quem está na linha de frente não é o chefão do crime. São os meninos da favela, usados como massa de manobra.
E do outro lado? Policiais — também pobres — assalariados, arriscando a vida por um salário que mal paga o aluguel. Pergunte quanto ganha um policial no Rio de Janeiro. É esse valor que mede o quanto o Estado valoriza a vida de quem protege.
A punição sempre tem cor e CEP.
Chefes do tráfico não morrem, não trocam tiros, não caem nas vielas. Quem morre são os soldados do abandono, meninos sem oportunidades, jogados no fogo cruzado da desigualdade.
A verdade é dura: o pobre é massa de manobra. Na política, nas guerras, nas urnas.
Usado, descartado, esquecido.
Ninguém luta pelos pobres — só se fala neles em época de eleição.
Nos hospitais públicos, vidas se esvaem nas filas. Gente morre esperando um leito, um exame, um remédio. O SUS resiste, mas sangra. E quem sofre? O mesmo de sempre: o povo sem voz, sem vez e sem esperança.
Enquanto isso, os donos do poder — os intocáveis das canetas douradas — nunca tiveram a luz cortada, nunca ficaram sem água, nunca passaram fome.
Esses mesmos negam auxílios a pais de autistas, a mães solteiras, a trabalhadores impedidos de sustentar suas famílias.
Negam porque não sabem o que é precisar.
Negam porque não sabem o que é dor.
Vivemos num país adoecido pela falta de empatia.
Um país onde os egos valem mais que as vidas.
Onde o discurso substitui a prática, e a política se alimenta da miséria.
Mas ainda há tempo.
Tempo de olhar o Brasil de baixo pra cima, de ouvir as vozes abafadas, de dar rosto e dignidade aos invisíveis.
Porque sem justiça social, sem humanidade, o Brasil continuará sendo o mesmo — um país dividido, desigual e sem alma.
Que este grito ecoe.
Que o Brasil acorde.
Porque enquanto uns vivem, muitos apenas sobrevivem.
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