Por Sara Curcino, Vinícius Cassela, Marcela Cunha, TV Globo e g1 — Brasília
Ainda em 2024, o novo presidente do Senado já havia formado um arco de alianças praticamente impossível de ser derrotado, com partidos tanto da base do governo quanto da oposição.Ele conseguiu reunir legendas que somam 73 congressistas: PSD (14), PL (14), MDB (11), PT (10), União (7), PP (6), PSB (4), Republicanos (4) e PDT (3). E mais dois senadores do Podemos e um do PSDB, totalizando 76 parlamentares que já estavam fechados com o então candidato, o equivalente a 94% do Senado.Ou seja: 76 parlamentares, o equivalente a 94% do Senado, já estavam fechados com o então candidato
A primeira gestão de Alcolumbre foi de 2019 a 2021. Nesta primeira ocasião, o parlamentar venceu após a desistência de Renan Calheiros (MDB-AL) – que já tinha comandado quatro vezes a Casa.
A disputa naquele momento foi muito tumultuada e teve até voto fantasma. Na contagem final, 82 votos foram registrados, embora o Senado seja composto por 81 senadores.
A suspeita de fraude não foi esclarecida até hoje pelo Senado. Na época
Uma regra prevista na Constituição e reforçada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) impediu Alcolumbre de se candidatar à reeleição em 2020.
Essa norma diz que os presidentes da Câmara e do Senado podem buscar a reeleição logo após uma eleição geral – ou seja, quando houver posse de novos deputados e senadores. Mas não podem ser reeleitos na eleição que acontece durante a legislatura (no meio do mandato).
Alcolumbre, então, ajudou a eleger Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como seu sucessor. Pacheco, sim, pôde disputar a reeleição e ficou no cargo entre 2021 e 2025.
Nos últimos quatro anos, Alcolumbre exerceu a Presidência da comissão mais importante da Casa, a de Constituição e Justiça (CCJ).
Ele seguiu com papel de protagonismo na Casa, foi a espécie de um "primeiro-ministro" – o braço direito de Pacheco – ao conseguir influenciar quais projetos seriam pautados e ao coordenar a distribuição de emendas parlamentares.
As emendas são gastos que deputados e senadores indicam em suas bases eleitorais, na forma de projetos e obras.
Alcolumbre assume o Senado num momento em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino cobra mais transparência no processo dessas indicações, especialmente em relação às emendas de comissão, derivadas do chamado "orçamento secreto".
Em sua primeira gestão, Alcolumbre trabalhou para turbinar o montante das emendas e para que o Congresso tivesse poder sobre uma fatia maior do orçamento federal.
No ano passado, a pedido de Dino, a Controladoria-Geral da União (CGU) mostrou que, entre 2020 e 2023, cinco das dez cidades mais beneficiadas por emendas parlamentares estão localizadas no Amapá, estado de Alcolumbre. O levantamento é um cálculo feito levando em conta a proporção do número de habitantes.